O mundo permanece em busca do Novo Normal para o efetivo enfrentamento da Covid-19. Adoção do uso de máscaras, práticas de higienização constante, aplicação recorrente de álcool gel, protocolos de redução da ocupação em áreas públicas, distanciamento social, medição de temperatura, saudações distantes, reunião remota e home office, estão entre as medidas estabelecidas. Ritmos, trajetos, acessos controlados, apresentam-se como iniciativas adequadas para as pessoas que respeitam a ciência e se orientam pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde. A inexistência de vacina indica que estes novos hábitos serão uma constante.
No Brasil, alguns setores, especialmente os que expressam adesão às atabalhoadas iniciativas do presidente da república, optam pela irracionalidade. Setores econômicos possuem relevante preocupação com a queda do PIB, retração econômica e aumento do desemprego. Porém, os exemplos internacionais mais bem-sucedidos no combate à pandemia, indicam que o momento é de afastamento da agenda do ajuste fiscal, com a consequente emissão de moeda e títulos da dívida, para preservar vidas, empregos e empresas. A escolha destes minoritários grupos brasileiros se revela por meio do ataque ao distanciamento social, com ameaças de abertura total da atividade produtiva, em contraposição às recomendações da ciência mundial. Este caminho, perseguido também pelo governo norte-americano, consolidam Estados Unidos e Brasil como os líderes mundiais em contaminação e óbitos.
Neste contexto, emergem os bons exemplos do Uruguai na busca pelo controle da doença. No dia 1° de março ocorreu a alternância de poder no país vizinho. Depois de 15 anos à frente da nação, a Frente Ampla foi superada pelo partido conservador de Luis Lacalle Pou pela diferença de apenas 37.042 votos. Mas, no caso uruguaio, ao contrário do que ocorreu no Brasil em 2014, não houve revanchismo dos derrotados, a civilidade e o compromisso nacional não aludiu recontagem de votos, aplicação de pautas bomba no legislativo nacional, como adotado no caso do nosso país, nos arrastando rumo ao rompimento do Estado democrático de direito e para a atual ameaça democrática proposta pelos milicianos por hora no poder central. O que houve no Uruguai foi a adoção de um pacto político informal contra o inimigo comum, o Coronavírus.
A “Operação Todos em Casa” obteve participação massiva da população uruguaia. A “união política” aderiu aos testes em massa, registrando 10.261 exames para cada milhão de habitantes, o triplo do aplicado no território brasileiro. Em 25 de maio, no Brasil, foram registrados 106 mortos por milhão de habitantes. No Rio Grande do Sul, 16 mortos por milhão de habitantes e no Uruguai 6 mortos por milhão de habitantes. Segundo o sociólogo da Universidade da República do Uruguai, Ignácio Prado, “a disputa política existe, mas não nas medidas contra a pandemia, a Frente Ampla, que foi governo nos últimos 15 anos, colaborou com a estratégia do governo e não impulsionou nenhuma ideia contrária”. Transparência por parte do governo, diálogo com a população e amparo na ciência para a tomada de decisões, estão entre as premissas do modelo uruguaio. O aplicativo “Coronavírus uy” atualiza diariamente o número de casos de contaminação e óbitos e a plataforma também serve de canal, caso o cidadão apresente sintomas da Covid19. O espírito comunitário e de coletividade são marcas constantes na cultura uruguaia. Assim que os primeiros casos foram detectados, a opção por negar a existência da doença não foi cogitada, a suposição de ser somente uma "gripezinha" não prosperou, ao contrário, foram suspensas aulas, espetáculos públicos, esportes, distanciamento e trabalho a distância para quase a totalidade da população. Em síntese, os hermanos uruguaios, além de demonstrar que é possível a convergência de esforços e de ações entre governo e sociedade civil, nos indicam ser este o caminho mais eficaz para a tão esperada superação da pandemia.
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