Em coletiva de imprensa realizada no dia 23 de novembro, em Genebra, na Suíça, meteorologistas apresentaram relatório do Boletim de Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundial - WMO, indica que houve surto de emissões de dióxido de carbono (CO2) em 2019 e que a concentração continuou aumentando em 2020. O documento descreve a abundância atmosférica dos principais gases de efeito estufa de longa duração: dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Mesmo com os bloqueios realizados pelos governos para frear a transmissão do novo Coronavírus, que ajudaram a reduzir a emissão de muitos poluentes e gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, o impacto nas concentrações de CO2 na atmosfera (que é o acúmulo das emissões passadas e atuais), ocorreu aumento dentro das flutuações normais do ciclo de carbono.
Segundo a WMO, com o aumento das concentrações em 2019, a média anual global ultrapassou o limiar significativo de 410 partes por milhão. Desde 1990, houve um aumento de 45% na forma total de radioativos - o efeito de aquecimento sobre o clima - pelos gases de efeito estufa de longa duração, sendo o CO2 responsável por 80% deste resultado. “Ultrapassamos o limite global de 400 partes por milhão em 2015 e apenas quatro anos depois superamos 410 ppm”, alerta o secretário-geral da WMO, professor Petteri Taalas. “O dióxido de carbono permanece na atmosfera por séculos e no oceano por ainda mais tempo. A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO2 foi há 3 - 5 milhões de anos, quando a temperatura era 2 - 3°C mais quente e o nível do mar era 10 - 20 metros mais alto do que agora. Mas não havia 7.7 bilhões de habitantes”, alertou Taalas.
“As mudanças necessárias são economicamente acessíveis e tecnicamente possíveis. É memorável que um crescente número de países e empresas tenha se comprometido com a neutralidade de carbono. Não há tempo a perder”, destaca Petteri Taalas. O dióxido de carbono é o mais importante gás de efeito estufa de longa duração relacionado às atividades humanas. Ele fica na atmosfera entre 50 - 200 anos depois de emitido e estima-se que contribua com cerca de dois terços da força radioativa. As emissões do desmatamento, da combustão de combustíveis fósseis e da produção de cimento, entre outras atividades, assim como as mudanças no uso do solo, empurraram o CO2 atmosférico de 2019 para 148% do nível pré-industrial de 278 ppm. Durante a última década, cerca de 44% do CO2 permaneceu na atmosfera, enquanto 23% foi absorvido pelo oceano e 29% pela terra, com 4% não atribuídos.
Mesmo sob críticas de entidades ambientalistas, o Canadá anunciou o compromisso de zerar a emissão de dióxido de carbono em 2050. O governo liberal de Justin Trudeau tem compromisso de destinar US$ 14.3 bilhões para apoiar combustíveis fósseis e somente US$ 7.95 milhões para energia limpa. Mas com o aniversário do Acordo de Paris no horizonte, 12/12, dentro das próximas semanas espera-se que o Canadá faça múltiplos anúncios sobre o clima, incluindo um novo plano climático e investimentos de recuperação verde. Há ainda a possibilidade de o país anunciar uma atualização de suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). O Canadá está se associando com Japão e Coreia do Sul na meta net-zero. O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu que o país será zero líquido até 2050, sendo que a China já havia anunciado, anteriormente, que será neutra em carbono em 2060.
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