Na noite de 10 de maio de 1941, o piloto de uma aeronave da Luftwaffe – um Messerschmitt Bf-110 – saltou de paraquedas em Eaglesham, nas terras baixas da Escócia, ao sul de Glasgow. Ao pousar no campo de uma fazenda, ele se identificou como Hauptmann Alfred Horn quando apreendido por um trabalhador rural, e foi imediatamente levado para uma casa de campo nas proximidades, onde lhe ofereceram uma xícara de chá. No devido tempo, descobriu-se que “Hauptmann Horn” era Rudolf Hess, o vice de Hitler, aparentemente em missão para negociar a paz com a Grã-Bretanha. As verdadeiras intenções de Hess ao voar sozinho para a Grã-Bretanha em meio a uma guerra ainda são objetos de controvérsia, bem como a delicada questão se foi atraído e com quem pretendia negociar. Levava consigo poucas propostas concretas, além da vaga ideia de que a Grã-Bretanha deveria dar carta branca à Alemanha na Europa, para que em troca a Alemanha deixasse a Grã-Bretanha com seu império.
De 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, no Scottish Event Campus, em Glasgow, na Escócia, Reino Unido, ocorre a COP26. No melhor cenário, a 26° Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26) precisa reconstruir a confiança de que a ação global e coletiva pode resolver os maiores desafios atuais da humanidade. O mundo tem feito avanços importantes na luta contra as mudanças climáticas. A transição para veículos elétricos, por exemplo, tem acelerado rapidamente, o uso de energia renovável tem crescido de forma exponencial, algumas nações apresentaram metas ambiciosas de redução de emissões para 2030 e muitos países e empresas têm se unido em busca de metas ambiciosas de emissões líquidas zero. Porém as principais perguntas que a COP26 precisará responder estão na seguinte perspectiva: Os países terão grandes cortes expressivos de emissões até 2030 e farão um acordo para manter viva a meta de 1.5°C? Os países em desenvolvimento conseguirão o financiamento e o apoio que precisam? Os negociadores concordarão com regras que mantêm a integridade e a ambição do Acordo de Paris? Países e empresas se comprometerão com ações revolucionárias que impulsionem uma mudança sistêmica?
Nesta segunda-feira (25), a Organização Meteorológica Mundial – OMM, divulgou estudo alertando que mesmo com a redução de emissões na pandemia, a concentração de dióxido de carbono (CO2), principal gás responsável pelo efeito estufa, atingiu novo recorde ao ficar em 413 partes por milhão (ppm) em 2020. A nova edição do Boletim de Gases de Efeito Estufa, da Organização das Nações Unidas, apresentada pelos especialistas da OMM, foi impactante na segunda anterior ao início da COP26 e demonstra que o aumento de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N20) foi superior à média observada na última década, de 2011 a 2020.
Na comparação com o ano de 1750, quando atividades humanas começaram a afetar o equilíbrio da Terra, o boletim constata elevações de 262% de metano e de 123% de óxido nitroso. Já o dióxido de carbono está 149% acima dos índices pré-industriais. O relatório mostra ainda que, de 1990 a 2020, o aquecimento do clima por gases de efeito estufa que têm longa duração subiu 47%, sendo 80% deste crescimento por conta do CO2. Secas frequentes e a intensificação de incêndios florestais, por exemplo, podem afetar a habilidade de ecossistemas terrestres de capturar CO2. Isso já é visto em parte da Amazônia, que tem atuado mais como fonte de carbono do que como sumidouro. No caso do ambiente aquático, esta situação pode ser desencadeada pela elevação da temperatura da superfície do oceano e pela queda do pH das águas marinhas.
No caminho das esperanças, relatório divulgado nesta semana pela The International Renewable Agency – IRENA 2021, demonstra que a energia solar fotovoltaica gerou 4 milhões de empregos no mundo em 2020, uma elevação de 5.2% em relação a 2019. A expectativa é de que a fonte solar possa gerar mais de 16 milhões de empregos até 2050.
No Brasil, estudo divulgado pela Greener demonstra que até janeiro de 2021, foram mapeados 4.6 GW de outorgas para empreendimentos solares no Mercado Regulado e 13.3 GW para o Mercado Livre. Destes, mais de 8.4 GW possuem PPA’s firmados, segundo o levantamento. Um fator que tem acelerado as outorgas dos empreendimentos são as mudanças resultantes da MP 998/2020, em especial a previsão do fim dos descontos na TUSD/TUST para as fontes incentivadas. Este também será fator de aceleração da implementação dos empreendimentos nos próximos 5 anos.
Segundo a ABSOLAR, a geração solar cresceu 46.6% na primeira quinzena de outubro. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), demonstram que a fonte fotovoltaica produziu 1.132 MWmed no período, ante 772 MWmed no mesmo intervalo de 2020. Os Parques Eólicos apresentaram crescimento de 29%, enquanto as hidrelétricas apresentaram queda de 26.3%. As fontes de energias renováveis serão vitais para superação dos complexos desafios globais do futuro. E Glasgow, como citado, ocupou um espaço particular no passado, e será novamente o centro das discussões de soluções para os desafios mundiais, no presente.
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