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Foto do escritorZelmute Marten

Desabastecimento de diesel, calamidade econômica e a batalha de Sievierodonetsk

O risco de desabastecimento de óleo diesel no Brasil é crescente. Em razão desta concreta possibilidade, ronda o Palácio do Planalto o intento de decretar calamidade pública econômica no país. A iniciativa teria o sentido criar uma condição extraordinária para desrespeitar os imites orçamentários para ampliar o endividamento público. O sentido da “pedalada fiscal” seria constituir um dispositivo para subsidiar os combustíveis e reforçar o Auxílio Brasil. Iniciativas de caráter eleitoreiro, com capacidade de ampliar o risco inflacionário e buscar minimizar a desidratação de intenção de votos do atual presidente da república. A pressão nasce no seio do corrupto grupo parlamentar brasileiro denominado de "centrão". Em conflito com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ímpeto do grupo foi desacelerado pelo pífio anuncio de crescimento de 1% do PIB no trimestre.


O Ministério de Minas e Energia tem divulgado que o Brasil tem estoque de óleo diesel S10 equivalente a 38 dias de importação. O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, enviou ofício à Agência Nacional do Petróleo, alertando sobre o “elevado risco de desabastecimento de diesel no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022”. O professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ, Maurício Tolmasquin, declarou em entrevista à CNN Rádio: “Infelizmente o risco de desabastecimento é real. O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas em derivados como gasolina e diesel depende de importações”, destacou. Ele explicou que a realidade é que não houve investimentos em refino há algum tempo, e isso faz com que o país tenha que importar 25% das suas necessidades de diesel para o mercado interno. “Importadores precisam ter expectativa de que vão vender combustível a um preço que remunere os custos de importação e, hoje, a defasagem é muito baixa”, completou.


O professor salienta ainda que o problema é que o diesel “afeta diretamente o funcionamento da nossa economia, todo nosso transporte de mercadorias e pode causar desabastecimento de alimentos”. A situação é preocupante, segundo o especialista, porque no nosso segundo semestre estão programadas paradas nas refinarias. “E não se pode alterar isso. Vai impossibilitar a produção do diesel no país, e há uma perspectiva de aumento de demanda em decorrência da safra de soja, por exemplo”. A Petrobras tem trabalhado na sua capacidade máxima de refino. As programações de manutenções programadas em suas refinarias são maiores do que em 2021. No ano passado, a empresa fez 22 paradas. Para este ano, estão previstas 25 paradas, que custarão cerca de R$ 2.5 bi e envolverão cerca de 4,5 mil equipamentos.


A invasão da Ucrânia agrava este contexto. Passados mais de cem dias do início da guerra, o mundo acompanha ameaças de Vladimir Putin contra Suécia e Finlândia. A cidade de Sievierodonetski é uma das localidades ucranianas de maioria russa. Está situada no Oblast de Luganski. Possuí 50 km² de áreas e sua população foi estimada em 2020 em 102.396 habitantes. O seu nome vem do rio Severski Donets. Está sendo previsto um grande combate no local nas próximas horas. As forças ucranianas conseguiram recuperar cerca de 20% do território da cidade de Sievierodonetski que os russos haviam tomado, de acordo com Serhiy Gaidai, um representante da Ucrânia na região. Este é um município industrial. O território foi arrasado e bombardeado até ser capturado pelos russos. O local foi cena de um dos maiores ataques terrestres de guerra nestes três meses de conflito. Após não conseguir capturar a capital Kiev e ser retirada do norte da Ucrânia, uma vitória russa em Sievierodonetski e através do rio Siverskyi Donets em Lysychanski traria controle total de Luhanski, uma das províncias no leste que Moscou reivindica em nome dos separatistas. O governador regional de Luhanski, Serhiy Gaidai, disse que quase todas as infraestruturas críticas de Sievierodonetski haviam sido destruídas e que 60% das propriedades residenciais foram danificadas a ponto de não poderem mais ser consertadas. Jan Egeland, secretário-geral da agência de auxílio Conselho Norueguês de Refugiados, que há muito tempo operava em Sievierodonetski, disse que ficou horrorizado com a sua destruição. Até 12 mil civis permanecem na linha de tiro, sem acesso suficiente a água, alimentação, remédios ou eletricidade, disse Egeland.

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